Demissões - O desafio da condução adequada
Uma das mais desconfortáveis tarefas para um gestor é a comunicação de uma demissão.
Na maioria das vezes, o gestor não sabe lidar com a situação, mesmo quando existem motivos claros para a demissão.
É evidente, pois ninguém gosta de dispensar pessoas, muito menos ter que comunicá-las. Excluindo-se os tiranos e os psicologicamente perturbados, todos nos temos consideração com o próximo, pensamos nas conseqüências para sua vida profissional e pessoal, colocamo-nos em seu lugar e por consequência, fica muito difícil decidir e comunicar uma demissão.
Motivos e Critérios para Demitir
Raramente uma demissão é involuntária, ninguém demite por prazer ou sem motivos. Sempre há uma razão para fazê-lo, seja por questões de desempenho do indivíduo em suas atividades, por desempenho do negócio ou ainda por questões puramente comportamentais. Na verdade, os fatores que geram a demissão, em sua grande maioria, são uma combinação de motivações econômicas e comportamentais:
- Motivações Econômicas: fatores relacionados a desempenho da organização frente ao mercado que levam a redefinições estratégicas e reestruturações de pessoal
- Motivações comportamentais: fatores relacionados ao comportamento do indivíduo frente à cultura da organização e aos relacionamentos interpessoais.
Toda vez que o desempenho do negócio, ou uma reestruturação estratégica tenha que ser implementada, afetando cargos e posições, seguramente os fatores comportamentais serão a base da escolha de quem fica, quem sai e quem será promovido. Significa dizer que, em tempos de cortes e reestruturação, os mais alinhados com a cultura deverão ter melhores chances. Muitas vezes, estes aspectos econômicos são uma oportunidade para alinhar o time e infelizmente, descartar que não está se adaptando, seja por resultados ou por comportamento. O importante é ter equilíbrio e critério para balizar estes fatores e ter razões em vez de justificativas para apresentar conduzir o processo de demissão.
A Condução da Demissão – Definição e Comunicação
A demissão deve ser tratada como um processo racional e apoiada em bases coerentes, primeiro, para decidir pela demissão ou não, e em seguida, para criar uma linha estruturada para a comunicação. Se o gestor está apoiado em critérios lógicos e em razões verdadeiras, muitas vezes o consenso entre as partes sobre a inviabilidade da relação é atingido e assim o processo se torna bem menos traumático.
Algumas dicas sobre regras importantes ajudam muito o processo a transcorrer melhor:
§ Sigilo até a comunicação: Mantenha o maior sigilo possível sobre o assunto. Nunca deixe que pessoas que outras pessoas saibam da decisão antes do envolvido. Nada pior do que o assunto vazar e todos ficarem comentando o assunto com o profissional ainda presente.
§ Horário e dia adequados: Nunca demita na sexta-feira ao final de tarde. Parece bobagem, mas para o profissional fará diferença. Escolha o horário da manhã e de preferência o começo da semana, pois a pessoa terá tempo de recolher suas coisas, fechar assuntos pendentes e terá a semana útil para fazê-lo. Se for escolhido um horário ao final do dia a pessoa terá que voltar no dia seguinte para resolver pendências o que é péssimo para ela e para o clima da empresa.
§ Clareza e Objetividade e Consideração: Evite rodeios e seja direto, procurando ser verdadeiramente educado com a pessoa. Diga que a decisão foi tomada com base nos critérios mencionados e evite explicações detalhadas. O tempo de dar orientações e feedback já passou. Atenha-se a deixar claro que a decisão está tomada. Se você verdadeiramente lamenta e pretende ajudá-lo com referências, não deixe de dizê-lo.
Depois dos desligamentos
Processos de demissão sempre assustam aqueles que permanecem na empresa, principalmente os pares do demitido. Após o desligamento, faça uma breve comunicação ao grupo envolvido. Explique os critérios e evite a todo custo criticar a pessoa. Os critérios devem ser a explicação, os fatores, não os detalhes e nem a sua opinião como gestor sobre a pessoa.
O desligamento e o processo todo envolvido é uma verdadeira prova de fogo para um líder. Saber demitir é uma arte tão ou mais complexa do que saber contratar. Na verdade, são duas habilidades que somadas definem o grau de maturidade de líder para saber manter suas posições bem ocupadas.
FONTE : FinancialWeb Caso queira comentar esta matéria acesse : www.perosini.com.br - sessão : Fale conosco.
